O Sermão de Santo António aos Peixes é uma obra de grande envergadura literária, que engloba um poder imaginativo que está além do seu tempo, uma capacidade oratória muito eloquente e um poder satírico bastante apurado. O padre jesuíta toma os peixes como encarnação das características humanas, tanto os vícios como as virtudes, transformando a sua obra numa alegoria onde a pessoa humana é metaforicamente representada pelos animais aquáticos.
Embora os vícios e defeitos que os peixes representam sejam uma reflexão dos colonos brasileiros que exploravam os índios nativos (e são, por isso, severamente censurados no sermão), a obra tornou-se intemporal — a diversidade de peixes que existem, a sua ambição pelo poder e domínio, e a avidez de se comerem uns aos outros para atingirem as próprias metas tornam os animais tão vinculados com os humanos que todas as épocas são a época do sermão.
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